Trinta escolas estaduais de Santa Maria terão chapa única nas eleições para diretor

Nesta terça-feira, 34 das 41 escolas estaduais de Santa Maria escolhem seus novos diretores, em um cenário bem diferente do que era visto em eleições anteriores. Em 30 colégios, há só uma chapa na disputa. Em quatro haverá duas chapas. Em uma não haverá eleição, e em outras quatro, o cargo será assumido por profissionais nomeados. As duas instituições restantes são indígenas e não têm diretor.

O alto número de escolas com apenas um nome concorrente não é surpresa entre os professores, já que, para muitos, o interesse em administrar a instituição é pequeno diante da crise econômica e política enfrentada pelo Rio Grande do Sul.

Entre quinta-feira passada e segunda-feira, o “Diário” telefonou para as escolas estaduais da cidade e pelo menos 11 gestores disseram à reportagem que acreditam que a baixa procura pelo cargo é reflexo da desvalorização dos profissionais e dos parcelamentos de salários neste ano.

A 8ª Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE) não disponibilizou o número de chapas que concorreram em outros pleitos, mas, de acordo com Celita da Silva, que estava à frente do órgão à época da última eleição, em 2012, o processo, dessa vez, é bem diferente:
– A última eleição foi muito disputada. Foram poucas as escolas que tiveram chapa única.

O vice-diretor do Sindicado dos Professores Estaduais (Cpers) em Santa Maria, Dartagnan Agostini, tem a mesma percepção. Conforme ele, mais da metade das escolas tiveram mais de uma chapa concorrendo à direção no último pleito:– Os professores não estão dispostos a assumir uma função deste grau de importância diante da ameaça constante de novos parcelamentos (dos salários). É um contexto diferente.

Agora, alunos a partir do 5º ano ou com mais de 12 anos, pais, professores e servidores dos colégios poderão escolher os seus representantes, que ficarão no comando pelos próximos três anos, na gestão 2016-2018.

A eleição, que seria realizada em 30 de novembro, foi remarcada depois que o Tribunal de Justiça do Estado suspendeu a lei que havia mudado as regras do processo eleitoral – a lei foi contestada, entre outras coisas, por retirar da comunidade escolar o direito de escolher os vice-diretores, que passariam a ser indicados pelos diretores.

Descontentamento com salários parcelados está entre os motivos

Os motivos pelo desinteresse dos candidatos a diretor, segundo gestores e especialistas, são variados: processos burocráticos que entravam o desenvolvimento da gestão educacional, dificuldade em manter a saúde financeira da escola e desvalorização do profissional. Mas foi o descontentamento com o governo em função dos parcelamentos dos salários dos servidores estaduais que impulsionou o desinteresse pela gestão, já que a maioria não se sente representada.

– Há uma desmotivação bem grande. A crise é geral, e, com esse governo, a gente sabe que vai ser assim até o final do mandato. Aí, fica muito difícil. Os colégios estão com verbas atrasadas. É bem complicado saber que tu vais administrar uma escola sem dinheiro. Mas não podemos deixar a canoa afundar. A escola precisa da gente – diz Tania Regina Pires Neves, professora supervisora e única candidata à direção da Escola Dr. Walter Jobim.

Para Sandra Regio, diretora do Sindicado dos Professores Estaduais (Cpers) em Santa Maria, o desinteresse também está ligado à dificuldade dos diretores em desenvolver uma proposta pedagógica de acordo com a realidade da comunidade escolar.

– Há muita burocracia. O diretor passa a ser um agente administrativo e se envolve demais na parte financeira, ficando preso a isso sem conseguir realizar uma grande proposta de mudança pedagógica. E o que se ganha para isso não vale a pena – afirma.

A posse dos novos gestores está programada para ocorrer às 14h de 22 de dezembro e deve contar com a presença do secretário de Educação Vieira da Cunha. Os desafios para os próximos anos são muitos, dia